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A tragédia da boate gay: O equilíbrio entre o fariseu e o liberal – Parte I



Na manhã do último domingo acordei com uma triste notícia: havia acontecido mais um tiroteio nos EUA, dessa vez em uma boate gay, onde 50 pessoas foram assassinadas. Imediatamente meu coração se encheu de tristeza ao pensar na dor que as vítimas sentiram e na terrível luta que seus entes queridos enfrentariam para superar a irreparável perda. Uma tragédia de proporções incalculáveis, eu diria. E diante de tamanha tragédia, como cristãos não podemos nos isentar de meditar a respeito de tal acontecimento e das implicações que este traz consigo, tais como a forma que lidamos com a homossexualidade dentro da igreja, forma a qual no geral – perdoe-me a franqueza – tem falhado miseravelmente em seu papel para com essas pessoas. Deixe-me explicar melhor.


As igrejas têm falhado porque geralmente tem se inclinado para dois extremos: ou agem para com o homossexual de forma liberal ou de forma farisaica. Nesta primeira parte do texto irei me ater somente a forma mais comum, a farisaica. Na parte II conversaremos sobre a forma liberal com mais detalhes. Para tratarmos desse assunto faremos um breve estudo de Lucas 18: 10-14:


"Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado".

Os fariseus eram os religiosos da época de Jesus, sempre preocupados em parecerem santos, buscavam seguir a risca a lei de Moisés, no entanto, não é curioso que o fariseu do texto em questão não tenha sido justificado ao final de sua oração? Jesus explica que isso aconteceu porque o fariseu exaltou a si mesmo quando deveria estar se humilhando. Em outras palavras, é inútil seguir os mandamentos de Cristo quando fazemos isso por motivações pecaminosas. Veja a situação desse fariseu, ele orava consigo mesmo, no original “orava de si para si mesmo”, isto é, ele estava falando sozinho, simplesmente porque queria ser visto orando. Talvez ele não tivesse consciência de que estava falando sozinho – o pecado do orgulho nos cega para essas coisas – mas o conteúdo da sua oração demonstrava total despreocupação quanto ao que Deus pensava a respeito dele, tanto que simplesmente fez uma oração elogiando a si mesmo, sem reconhecer falha alguma. Agora quando olhamos para a postura do publicano encontramos alguém tão envergonhado de si mesmo que estava longe, talvez no último banco da igreja, de tal forma que nem conseguia levantar os olhos para o céu e batia no peito clamando por misericórdia, confessando que era um pecador. Jesus encerra a história nos contando que este sim foi para casa justificado, perdoado.

O que essa história tem a ver com o assunto que estamos falando? Deixe-me fazer algumas perguntas para te ajudar a refletir nisso. Quando um homossexual ou mesmo um transexual entra na sua igreja, como você reage? Você o cumprimentaria com gentileza e o convidaria a se sentar como faz com qualquer outro visitante? E mesmo nas situações externas a igreja no seu dia a dia, você os trata com amor ou indiferença? Você pregaria a mensagem do evangelho com zelo ou se limitaria a criticar seus estilos de vida? A expressão do seu rosto ao olhar para eles é de amor e misericórdia ou de nojo e reprovação? Cuidado, pois talvez você esteja agindo como o fariseu da nossa história, considerando a si mesmo merecedor da graça, superior ao próximo e até mesmo tendo dificuldade de se enxergar como um pecador. Clame para que Deus sonde o seu coração e descubra suas reais motivações de buscar crescer em santidade, pois a verdadeira santidade quando desenvolvida em nossas vidas demonstra se preocupar tanto com os mandamentos que refletem em nossa postura externa – coisas como não fornicar, não adulterar e não se embriagar – quanto com os mandamentos que implicam em nossas vidas de forma interna – como os aspectos do fruto do Espírito e a amar nossos inimigos – os quais somente Deus vê se estamos nos esforçando para seguir ou não.

É profundamente triste dizer isso, mas os comentários mais odiosos que eu vi a respeito da tragédia ocorrida em Orlando vieram dos lábios de pessoas que se dizem cristãs. Houve até mesmo uma passeata dos Batistas de Orlando onde uma mulher segurava um cartaz que dizia “Foi Deus quem enviou o atirador”. Meu irmão, você realmente acha que o ato de maldade do islã que puxou o gatilho foi um decreto de Deus? Se você crê dessa forma isso significa que também crê que é Deus quem decreta o mal e no fundo sabemos que isso está longe da realidade do Deus bondoso que conhecemos. E se não tivesse sido em uma boate gay e sim em uma boate comum, você se lamentaria? Há não muito tempo atrás aqui no Brasil ocorreu uma tragédia em uma boate em Santa Maria, mais de 200 pessoas morreram nesse incêndio e eu vi muitos cristãos entristecidos e se compadecendo das vitimas. Boate é um local onde acontece todo o tipo de iniqüidade e ainda assim a igreja se compadeceu. O que difere uma tragédia da outra? O que nos leva a nos entristecermos por uma e a dizer “eles só colheram o que plantaram” para a outra? Parece um pouco contraditório, não é verdade? O fato é que muitos cristãos escolhem de quem terão misericórdia e, em nossos dias, essa misericórdia parece estar escassa para homossexuais, transexuais, travestis e prostitutas.

Honestamente, quantos homossexuais já se converteram através de você? Alias, você ao menos já pregou a mensagem da cruz para algum deles ou simplesmente os enxerga como um caso perdido? Sabe, talvez nem todos os homossexuais que você evangelize se convertam, mas eu espero que o fato de eles terem cruzado com você pelo menos esclareça a eles que nem todo cristão é homofóbico, pelo contrário, a única fobia do cristão é agir de forma que desagrade a Deus e isso inclui a falta de amor, paciência, mansidão, gentileza e bondade para com quem quer que seja. Semana que vem continuaremos essa conversa na parte II desse texto, onde trataremos a respeito do outro extremo com detalhes, o liberalismo.


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