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A tragédia da boate gay: O equilíbrio entre o fariseu e o liberal – Parte II



Há pouco mais de duas semanas houve mais uma tragédia americana: 50 pessoas tiveram suas vidas ceifadas por um atirador muçulmano em uma boate gay. Na primeira parte do nosso texto comentamos a respeito de quão falha a igreja tem sido no trato dos homossexuais, seja dentro dos templos, no dia a dia nas ruas ou em manifestar solidariedade diante de situações como a desta tragédia. Nossos semelhantes não precisam concordar conosco em absolutamente nada para que sejamos gentis uns com os outros. Para nós cristãos a gentileza, o amor e o respeito não devem possuir pré-requisitos, tais virtudes devem ser manifestadas a todo ser humano e não se limitar a grupos segregados. O problema da igreja em relação a esse assunto tem sido o fato de geralmente pender para dois extremos: ou age como um fariseu desprovido de amor – assunto que tratamos no primeiro texto – ou age de forma liberal ignorando os ensinos da Escritura em nome do “amor”, assunto que trataremos agora.


Muitos cristãos na tentativa de serem mais amorosos com as pessoas acabam rumando pelo caminho do liberalismo teológico. Se você não tem a escritura como autoridade absoluta, acha que ela pode ser relativizada e até mesmo mesclada com outros ensinos extra bíblicos, você é um liberal. O problema disso é que você acaba absorvendo da bíblia apenas as partes que lhe agradam e o restante se desfaz geralmente com a desculpa de que tal ensino valia apenas para o contexto cultural da época em que foi escrito. Em outras palavras, o deus do liberal é ninguém mais do que a sua própria consciência. Esse mesmo argumento é utilizado para a defesa de que a prática da homossexualidade não é considerada pecado por Deus. Antes de entrar nesse aspecto, eu gostaria de trazer uma definição do que realmente significa amar utilizando uma analogia de Mike McKingley:


“Imagine um instante que todos estamos numa corrida. De acordo com as regras, não importa o lugar de chegada, importa somente que cheguemos. Mais ainda! Nosso destino eterno depende de chegarmos ou não ao final dessa corrida. Terminá-la é sinônimo de alegria eterna. Deixar de terminá-lo, não importa o porquê, significa sofrimento eterno. Você consideraria essa corrida bastante importante, não é? Continue imaginando que, ao olhar para a pista de corrida, encontramos gente com tênis bem incrementado e roupa própria para corrida, mas por algum motivo, estão sentados ao lado da pista. Outros estão agachados, no ponto de partida, na posição de largada, rígidos como estátuas, tensos, devidamente equilibrados, mas simplesmente prontos. Eles jamais se movem. Ficam inertes. Outros estão correndo em círculos. Outros, ainda, correndo na direção errada. Suponhamos que parássemos para conversar com esses corredores sem direção e com esses não corredores. Logo perceberíamos que todos têm a impressão de estarem correndo bem. Eles estão de olho no final da corrida e estão convictos de que receberão uma boa recompensa. Eles sorriem e falam como que sonhando da nova vida que está além da linha de chegada. O problema é que sabemos que eles jamais concluirão a corrida, devido ao ritmo que estão adotando ou o rumo em que estão correndo. Diga-me qual seria a coisa certa, amorosa, a fazer? O amor nos motivaria a ignorar a confusão em que se encontram? O amor nos motivaria a chacoalhar a cabeça sem ofendê-los, mas a ficarmos sem dizer nada? É claro que não. Amá-los implicaria em alertá-los, convencê-los, até em implorar com eles para que mudassem o ritmo ou a direção".


Você percebe o problema? Amar não significa ocultar a verdade por medo de ela ser difícil demais de ser aceita. Amar significa dizer a verdade custe o que custar, ainda que fiquem chateados conosco. O verdadeiro amigo não se limita a dizer coisas para nos agradar, mas para o nosso bem se arrisca nos dizendo palavras de exortação quando precisamos. Em outras palavras, você não está sendo amoroso com o seu amigo homossexual quando diz a ele que Deus não se importa com a sexualidade dele, pelo contrário, você só está sendo egoísta porque prefere mentir ao seu amigo para evitar uma discussão e deixar de parecer legal.


Vamos ver um pouco o que a bíblia fala sobre homossexualidade. São vários os versículos que falam a respeito deste assunto, Romanos 1 é categórico, mas já prevendo possíveis contestações dos liberais vou optar por utilizar uma fala de Jesus, na passagem de Marcos 10:5-9 diz: “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza dos vossos corações vos deixou ele escrito esse mandamento; Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. Nessa passagem vemos que Cristo institui o casamento como necessário para que homem e mulher vivam juntos e constituam família. Qualquer outro padrão de casamento que fuja disso é considerado pecado, seja entre duas pessoas do mesmo gênero; ou mais de duas pessoas de gêneros diferentes ou do mesmo; ou macho e fêmea de diferentes espécies. Precisam ser só dois, da mesma espécie e de gêneros diferentes. Se o relacionamento conjugal entre pessoas do mesmo sexo fosse algo agradável a Deus, certamente teria sido nesse momento que Cristo teria aproveitado a oportunidade para esclarecer essa questão, contudo, não é isso que Ele faz. Jesus andou em meio a pecadores, não porque queria apenas trazer paz para suas almas, mas porque queria libertá-los da sua condição de escravidão do pecado os transformando em novas criaturas, com novos desejos. Naquela passagem onde Jesus encontra uma mulher que havia adulterado prestes a ser apedrejada Ele demonstra o exato equilíbrio que devemos buscar em nossa vida cristã. Ele não age como um fariseu que certamente atiraria pedras na mulher, mas responde “quem não tiver pecado nenhum, atire a primeira pedra”. Mas também não age como um liberal que certamente diria “Deus se agrada de você independentemente da vida que você leve” e sim diz “Vá e não peques mais”.


A verdade é que se buscarmos encontrar o ponto de equilíbrio entre a postura de um fariseu – que segue a palavra de forma despreocupada em amar o próximo – e a de um liberal – que ama o próximo de forma despreocupada em exortar-lhe com a verdade da palavra – descobriremos que esse equilíbrio nada mais é do que ser um cristão verdadeiro. Portanto, pregue o evangelho a todos que Cristo colocar em seu caminho, incluindo homossexuais. Diga-lhes a verdade sobre seu estilo de vida, mas não antes de pregar a mensagem da cruz, pois somente através da pregação do evangelho é que a fé pode ser gerada em um coração incrédulo e o Espírito Santo pode inserir vida em que antes não possuía. Uma vez que o indivíduo nasça de novo, ele mesmo não se sentirá confortável em viver praticando o pecado – seja qual pecado for – e lutará contra a sua própria carne como todos nós fazemos. Mas enquanto não houver conversão, lembre-se de que devemos “fazer todo possível para viver em paz com todos” (Rm 12:18) e que “a ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei”(Rm 13:8),


Encerro esse texto comentando a respeito de mais um fato relativo a tragédia da boate de Orlando. Na semana do ataque saiu uma nota do deputado Jean Wyllis, defensor da causa LGBT, afirmando que a tragédia da boate em Orlando era na verdade culpa dos cristãos por disseminarem a homofobia através das suas crenças. Obviamente é uma afirmação tendenciosa e oportunista, uma vez que tal ato foi cometido por um muçulmano, seguidor de uma religião que prega não só a homofobia como o extermínio de qualquer outra pessoa que possua outras crenças. Embora seja triste, precisamos admitir que é compreensível que hajam pessoas que acreditem no discurso do deputado Wyllis já que o testemunho que muitos cristãos tem dado são na realidade o de um verdadeiro fariseu. Se formos comparar as religiões entre si, certamente não encontraremos postura mais tolerante do que a da cristã, na teoria, para com aqueles que possuem uma fé diferente, até porque tolerância não é sobre sermos capazes de admitir crenças opostas as nossas, mas sobre como você trata as pessoas que discordam de você, independentemente do grupo social que elas façam parte. O problema dos cristãos não é a sua doutrina, mas a falta da prática dela pelos mesmo. Em cerne, o principal desafio da igreja de nossa época é “cristianizar” os cristãos. Que o Senhor nos ajude a aprender a chorar com os que choram, a pregar a mensagem da cruz com fidelidade no falar e no viver e, principalmente, a sermos mais parecidos com Jesus Cristo.


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